O livro de Antonin Artaud: o instante intermitente investiga de que forma o legado de Artaud foi interpretado por dois grandes filósofos franceses: Maurice Blanchot e Jacques Derrida. O primeiro interpretou o radical cruzamento entre arte e vida em Artaud como expressão do enigmático estatuto ontológico da literatura, nas fronteiras entre o ser e o não ser, o real e o imaginário, a presença e a ausência; o segundo interpretou Artaud como um rebelde antagonista da metafísica que fez da escritura resistência à própria possibilidade da interpretação — isto é, à redução da arte àquelas dualidades lógicas que o próprio Blanchot utilizou para interpretar a obra artaudiana.
Nesta obra, Dionizio nos conduz com fio de Ariadne por esse labirinto de obras e interpretações, não se limitando a interpretar nem Blanchot, nem Derrida, mas demonstrando como tal debate se dá como parte da recepção da ontologia heideggeriana em solo francês. De forma pontual, sua investigação rigorosa e precisa nos apresenta com máxima competência um capítulo específico da filosofia na França; de forma mais ampla, nos mostra a importância da reflexão ontológica para se compreender a arte moderna e contemporânea.
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Mayara Dionizio
Mayara Dionizio é pesquisadora e escritora na área de Filosofia. Já atuou e dirigiu peças e atuou em filmes. Sua pesquisa tem como foco as relações entre filosofia e literatura em sua intersecção e (im)possibilidade de representação. Se abandona do conceito à ausência de conceito frente ao indeterminado, ao desconhecido que é próprio da experiência com a escrita, que é própria à filosofia da diferença, à iterabilidade e suplementaridade da linguagem. Fala por muitos e por ninguém, uma vez que seu rastro é a própria ausência de sujeito fundante da experiência literária.