Este livro revela com maestria a história de Herbert Bartz, pioneiro do sistema de Plantio Direto no Brasil.
A obra, idealizada por Johann e Marie Bartz, filhos de Herbert, apresenta como Herbert contribuiu para revolucionar a agricultura brasileira.
R$135,00
Wilhan Santin é jornalista, atua na assessoria de comunicação do Hospital do Coração de Londrina, do Grupo NotreDame Intermédica.
Já escreveu onze livros, os quais contam histórias reais de pessoas e empresas. Um dos mais recentes é "O Brasil Possível: a biografia de Herbert Bartz", que narra a saga do precursor do Plantio Direto na América Latina.
Mantém um projeto autoral, no site www.bemcontado.com.br.
Já colaborou com importantes veículos de expressão nacional, entre eles Folha de S. Paulo, BBC Brasil, Revista Globo Rural e Folha de Londrina.
A vida de Herbert Arnold Bartz foi marcada por acontecimentos incríveis. Nascido no Brasil em 14 de fevereiro de 1937, ele passou a infância na Alemanha, sobrevivendo à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Estava em Dresden em 13 de fevereiro de 1945, quando a cidade foi bombardeada. Escapou escondendo-se em um porão e tornou-se testemunha daquele massacre. Nos dias seguintes, viu um irmão morrer e o pai ser feito prisioneiro pelos soviéticos.
Herbert chegou a passar fome enquanto a mãe dele, Johanna, embora sofrendo com uma doença cardíaca, esforçava-se para dar alimentos e calor aos filhos.
Na adolescência e na juventude, explorou parte da Europa a pé, de barco e por meio de caronas, e ajudou o pai, já liberto, a explodir tocos de árvores e a implodir chaminés e outras construções que haviam sido danificadas durante a Guerra.
Em 1960, mudou-se para o Brasil, tornando-se agricultor em uma propriedade à qual a família deu o nome de Rhenânia, em homenagem à região de onde vinham.
Herbert não se conformava com a erosão, que arrastava a fértil terra vermelha para os rios. Toneladas de solo a cada ano. Fazia experiências por conta própria para tentar resolver o problema.
Deu o basta em 1971, numa noite de tempestade, com lanterna em uma mão e vestindo capa de chuva, vendo as sementes que havia acabado de plantar rodando com a água. A terra indo junto. Sulcos abertos no chão.
Herbert Bartz não tinha dinheiro, mas financiou passagens aéreas em dez vezes e foi procurar solução. Encontrou nos Estados Unidos, mais precisamente no condado de Cristian, Kentucky. O pesquisador Shirley Philips, da universidade de Lexington, desenvolvia um trabalho em parceria com o agricultor Harry Young Jr.
Depois disso, voltou para o Brasil convencido a fazer igual. Como era o único, não tinha implementos, nem máquinas, nem apoio. A primeira colheita de soja plantada sobre a palha foi apreendida pela Polícia Federal.
Mas ele não esmoreceu. Desenvolveu maquinários por conta própria, buscou indústrias para parcerias, tirou fotos de tudo e transformou em slides, saindo pelo interior a dar palestras, tentando convencer mais gente a fazer igual, a ser “louco” também.
Quando veio a crise do petróleo, em 1973, ganhou um forte argumento. O Plantio Direto dispensava duas operações de trator: arar e gradear. O agricultor gastava um terço de diesel!
Conseguiu aliados, como Franke Dijkstra e Manoel Henrique Pereira, na região dos Campos Gerais do Paraná, que se esforçaram tanto quanto ele para difundir a prática. Mostrando que a palhada sobre o solo evitava a erosão e gerava fertilidade, com matéria orgânica acumulada, a vida voltando, minhocas aparecendo nas lavouras.
Fácil não era. Herbicidas para combater as invasoras eram poucos e ineficientes. Bartz chegou a fazer contrabando do Paraguai, fretando aviãozinho monomotor e voando baixo para escapar dos radares.
Em trabalho de formiguinha, ele e os amigos espalharam o Plantio Direto e até fundaram a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, em 1992. Atualmente a entidade se chama Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto.
Graças a esse Sistema, a produção de grãos no Brasil é substancial. Não perdemos tanto solo para a erosão e conseguimos fazer uma segunda safra, ganhando tempo plantando imediatamente após a colheita da anterior.
Marie Luise Carolina Bartz e Johann Bartz, filhos de Herbert, idealizaram este livro. Marie, pesquisadora, bióloga e doutora em minhocas coordenou o trabalho realizado pelo jornalista e escritor Wilhan Santin.
Com as técnicas de repórter investigativo, o autor entrevistou dezenas de pessoas, inclusive Herbert Bartz, durante dois anos, para contar toda a saga desse homem revolucionário.
A primeira edição de “O Brasil Possível”, foi publicada em 2018.
Herbert Bartz morreu em 29 de janeiro de 2021. Imediatamente, Marie e Wilhan se debruçaram sobre esta segunda edição, que tem novos capítulos, documentos e fotos, contando em detalhes a vida desse herói. É leitura obrigatória.